segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Resumo Lavínia Atrasado e incompleto

No momento, sou um sujeito que tem vontade de saber. É por este motivo que me proponho a estudar as teorias de aprendizagem: para saber mais, para conhecer mais. No entanto as leituras que venho fazendo nos últimos anos têm um enquadramento, se poderíamos dizer assim (com certeza, não é a palavra mais pertinente), diferente destas. Algumas teorias como a de Jean Piaget se movem dentro dos processos enquanto as teorizações de ordem menos moderna procuram olhar de fora, procuram entender como elas se tornaram o que são hoje. Tentarei articular essas discussões a seguir.

No texto em que discute desenvolvimento e aprendizagem, Piaget procura diferenciar os dois, embasando-se em sua formação nas Ciências Naturais, de raiz classificatória e determinista, comentando inclusive serem estes processos opostos, com problemas muito diferentes. Define então o desenvolvimento como algo de matriz mais biológica, ligado ao desenvolvimento das estruturas mentais, ligado ao processo da embriogênese e como algo que pode ser verificado como aponta em algumas pesquisas. “na realidade, o desenvolvimento é o processo essencial e cada elemento da aprendizagem ocorre em função do desenvolvimento total, em lugar de ser um elemento que explica o desenvolvimento”. Neste trecho fica bem marcado seu vínculo com os estudos biológicos que se expandiram muito no século XX, muitas coisas poderiam ser explicadas por esse viés, inclusive a aprendizagem, que é o foco do autor.

Como desenvolvimento, fala sobre a importância de agir sobre os objetos, de forma a conhecê-los bem, temos de transforma-los, modificá-los. Enfoca a importância das fases que determina para cada uma dessas operações sobre os objetos. “Em outras palavras, é um grupo de ações modificando o objeto, e possibilitando ao sujeito do conhecimento alcançar as estruturas da transformação”. Comentando essas estruturas que são as mentais que carregamos desde a embriogenêse, o autor comenta seus estádios para o desenvolvimento da cognição e expoe alguns fatores que influem no desenvolvimento: maturação, experiência, transmissão social, equilibração. Nestes fatores, penso que o autor ao falar dos três últimos, já insere “pitadas” de aprendizagem e neste sentido, não consigo enxergar como opostos, o desenvolvimento e a aprendizagem, como ele diz no começo do texto. Até porque, neuronalmente falando, sabemos que algumas sinapses quando utilizadas com maior frequencia ganham mais força que outras. O aprender gera isso. Então, sempre que aprendemos algo, nossas conexões (ou desenvolvimento nas palavras do autor) se fortalecem. São processos muito relacionados.

Já em relação ao primeiro fator como comentei outras vezes, tenho receio de que essa maturação de estrutura mental que temos de ter para aprender determinadas coisas seja a única considerada nos processos de ensino, pautando-se em um determinismo biológico que há muito tempo vem sendo criticado e que possa servir para novas formas de racismo ou preconceito, como as diferenças apontadas na segunda página do texto, em que o autor comenta os experimentos mal sucedidos em outros países, nos quais os testados não conseguiram se encaixar nos padrões franceses. Não penso ser possível determinar métodos únicos e aplicáveis universalmente devido a característica multicultural que vivemos na contemporaneidade. Um teste de QI, por exemplo, aplicado aqui não teria a mesma resposta se aplicado no nordeste por exemplo, ou no Brasil e na Europa já que os contextos de vida de cada local/população são diferentes.

Por estas colocações, tenho aprendido muito ao (re)ver as teorias que podem fundamentar a aprendizagem e tenho percebido que se movimentam dentro de uma racionalidade racional, exata e metodológica, classificatória, bem marcada das ciências naturais. E as leituras que venho fazendo nos mostram novas formas de encarar estes estudos, talvez numa vertente mais adequada ao tempo fractal que temos vivido, as novas configurações de espaço e tempo. Ao mesmo temo que creio serem importante, tenho percebido ser mais produtivo (ao meu olhar ao menos) pensar de que forma essas aplicações e teorias como metanarrativas do processo de aprender vem produzindo e posicionando os sujeitos. Ao enxergar essas nuances penso ser possível pensar alternativas para proporcionar novas maneiras de entender os processos de aprendizagem. O que os autores pós tem me proporcionado pensar é sair da mesma roda de análise que temos feito até agora, é ver de outros ângulos, mais de fora cada uma das narrativas que dizemos serem tão verdadeiras.

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