segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Entrelaçamento entre o texto “Desenvolvimento e Aprendizagem” de Jean Piaget e a minha tese

A Educação a Distância (EaD) amplia-se não só pela possibilidade de democratizar o acesso ao ensino, mas também pelo avanço das tecnologias de informação e comunicação. O acesso a informação evolui rapidamente, o que exige novas metodologias que dêem conta de transformar essa informação em conhecimento. Desse modo, a utilização adequada das tecnologias digitais na educação pode contribuir significativamente para a EaD, levando a uma educação voltada para a autonomia do aprendiz, o que implica uma metodologia do aprender a aprender. Para tal, é preciso que se faça uso adequado das tecnologias digitais, caso contrário, corremos o risco de reforçar o ensino tradicional.

A interação com as novas tecnologias digitais altera o nosso fazer e, especialmente, nossa forma de aprender. Nesse cenário, acontecem mudanças no papel desempenhado pelo professor e pelo aluno. A autonomia e autoria do estudante passam a ser necessárias, para que as atividades educativas aconteçam de forma significativa, o que possibilita a problematização e a emergência de outras formas de atuar em sociedade. Nessa mesma perspectiva, de acordo com Maturana e Varela (2005), o professor passa a exercer o papel de orientador do processo de ensino e aprendizagem, buscando, na convivência, promover a alteridade e o amor, isto é, respeitar o outro em sua legitimidade. O que aprendemos e como aprendemos depende do espaço e das relações estabelecidas, se o emocionar estiver interligado a ação pedagógica o nosso trabalho fluirá na liberdade de escolhas e reflexões sobre o nosso fazer.

O ambiente virtual de aprendizagem é um espaço de convivência que possibilita a interação indispensável no processo de ensino e aprendizagem. Além disso, os ambientes virtuais de aprendizagem permitem novas formas de leitura e escrita, nas quais os textos podem ser ampliados e reconectados; facilitam o trabalho coletivo; exigem diferentes tipos de espacialidade e temporalidade. No entanto, as tecnologias por si só não garantem a construção do conhecimento. Para tal, é necessário abordagens teóricas que possibilitem a investigação de processos cognitivos na construção do conhecimento. Para que haja aprendizagem é necessário que os sujeitos intercalem momentos de exploração, realizando experimentos contextualizados no mundo físico com momentos de reflexão. Da mesma forma, o ambiente virtual de aprendizagem é um sistema cognitivo que se constrói na interação entre os sujeitos, transforma-se na medida em que as interações vão ocorrendo, que os sujeitos entram em atividade cognitiva. Não existem fronteiras rígidas do que é meio, objeto e sujeito, pois um ambiente virtual de aprendizagem, sob a perspectiva construtivista, se constitui sobretudo pelas relações que nele ocorrem.

Nesse sentido, a aprendizagem é provocada nas perturbações decorrentes da interação, podendo-se dizer que ela produz uma estrutura mais complexa construída a partir de outra mais simples. O desenvolvimento explica a aprendizagem, ou seja, a aprendizagem está subordinada ao desenvolvimento. O desenvolvimento pode ser explicado segundo quatro fatores, que, conforme Piaget são necessários mas insuficientes por si sós: maturação; exercício e experiência; interações e transmissões sociais; equilibração ou autoregulação. É no ato de conhecer que o sujeito é ativo e, consequentemente, defrontar-se-à com uma perturbação externa, e reagirá com o fim de compensar e consequentemente tenderá para o equilíbrio.

Os mesmos fatores que concernem ao estudo do desenvolvimento também dizem respeito às questões de aprendizagem. A interação do sujeito com o objeto, a experimentação, as propriedades que o sujeito extrai do objeto pertinentes a informações do próprio objeto (abstração empírica) e as propriedades tiradas da coordenação das ações que o sujeito exerce sobre o objeto (abstração reflexionante) são fundamentais para a aprendizagem, considerando uma teoria baseada na construção do conhecimento. Através dos processos de organização, equilibração e adaptação do sujeito, podemos compreender melhor o desenvolvimento cognitivo. (LAURINO, 2001)

Os dois conceitos básicos para compreender estes processos são a assimilação e a acomodação. Assim, o processo de construção de conhecimento é resultante do equilíbrio dinâmico entre assimilação e acomodação. Quando este estado de equilíbrio é rompido, o sujeito age visando uma reequilibração, e esta é alcançada através da adaptação, que, por sua vez, é resultante da assimilação e da acomodação.
A construção de conhecimentos promovida através do ambiente virtual de aprendizagem leva à ação e aproxima fronteiras entre a prática (o que fazer) e seu sistema de conceitos (por que fazer desta maneira). Segundo Piaget (1976), quando o sujeito alcança esses níveis, as práticas se apóiam em teorias.

Diante o exposto acima, percebe-se que a EaD tem muito a contribuir no setor educativo, principalmente após os avanços tecnológicos. No entanto, esse é um novo caminho que precisamos trilhar, vamos aprendendo no fazer. Em consequência, surge a necessidade de desenvolver mecanismos de avaliação adequados à realidade da Educação a Distância, que permitam considerar as suas especificidades, e possibilitem o acompanhamento dessa modalidade, pois somente assim, será possível identificar os progressos ou as dificuldades encontradas ao longo de seu desenvolvimento e apontar as potencialidades ainda não exploradas, o que, de certo modo, implica no aperfeiçoamento dessa modalidade.

Desta forma, minha tese tem como objetivo avaliar a modalidade a distância no contexto dos cursos de graduação, e verificar as categorias que emergem a partir das manifestações dos estudantes. O instrumento de avaliação desenvolvido foi aplicado nos cursos de graduação a distância, oferecidos pela FURG.

O instrumento de avaliação proposto consiste de itens fechados e abertos. Os itens fechados foram analisadas através da análise descritiva e análise fatorial. A primeira permitiu uma apreciação preliminar dos itens da avaliação. Já a segunda possibilitou identificar oito dimensões de avaliação da modalidade a distância, bem como readequar alguns dos aspectos dimensionados inicialmente, evidenciando o potencial dessa técnica em auxiliar na compreensão das relações existentes no fenômeno pesquisado. Já as manifestações dos estudantes, nas questões abertas, foram apreciadas com base na Análise Textual Discursiva que possibilitou estabelecer um diálogo entre as falas dos estudantes e os teóricos que subsidiaram o estudo.

Reconheço a importância do diálogo entre a análise quantitativa e qualitativa, uma complementando a outra, uma retornando sua ação sobre a outra. Quanti e quali como sendo dois processos enredados e entranhados um com o outro e que participam, solidariamente, do processo de avaliação. Nesse sentido, o passo final da tese será verificar a contribuição da análise quantitativa e qualitativa no processo de avaliação da modalidade a distância e apresentar o entrelaçamento entre os resultados obtidos em ambas. Os resultados obtidos nesta pesquisa possibilitarão que a instituição (re)planeje e (re)estruture essa modalidade de ensino, à luz das contribuições dos estudantes.
SUZI, ESTÁ PERFEITO.
Suzi

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