
Jean Piaget teve como primeiro interesse intelectual a Biologia. Aos 22 anos já era doutor
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Adentrando a década de 80, seus objetos de interesse vão em torno das relações entre estruturas (o fazer do sujeito) e tematizações (o dizer do sujeito), tentativas de aprofundar a base do construtivismo: a lei funcional vital.
A ação assegura a continuidade entre formas biológicas e de pensamento. Piaget pontifica: “só conhecemos um objeto atuando sobre este e o transformando”. Aí se constroem as formas de pensamento. E uma ação nunca é totalmente nova: acomoda-se ao objeto conforme um “esquema”, ou “complexo circunstancial generalizável”, unidade básica do funcionamento cognitivo, atribuindo significações à realidade à qual se aplica. O nível de desenvolvimento de um sujeito se aquilata por quão plural é seu repertório de esquemas para enquadrar um ato concreto. Na experiência física, tenta-se compreender as propriedades do objeto; na experiência lógico-matemática, tenta-se abstrair tais propriedades, através de nossos próprios esquemas. O nível de competência intelectual depende de quantos esquemas se dispõe e de como se pode combiná-los. Um esquema-reflexo é um quadro assimilador para compreender a realidade; uma estrutura é uma totalidade organizada de esquemas sob leis ou regras.
Sua teoria estabelece estágios de desenvolvimento, diferentes formas de organização mental ou de estruturas cognitivas, cada uma sendo uma forma de equilíbrio do intercâmbio do sujeito-mundo. O aparecimento de novos comportamentos indica um novo estágio, se corresponder a nova organização mental e se derivar do estágio anterior, incorporando-o abrangentemente. Distingue-se três estágios limitados às principais estruturas intelectuais: sensório-motor (grupo dos deslocamentos); inteligência representativa (estruturas operatórias concretas); operações formais (raciocínio hipotético-dedutivo). O recém-nascido estabelece esquemas-reflexos. Com o tempo, ele percebe desajustes, contra os quais busca acomodação (reorganização de ações), passando a coordenar ações e objetivos, chegando ao auge do período sensório-motor aos dois anos aproximadamente. Interiorizando esquemas de ação, fá-los passarem à condição de esquemas representativos, realizando raciocínios por analogia ou transdução. A intuição já faz a criança pensar num nível pré-operatório. Pelos 8 ou 10 anos, entra no operatório concreto, incorporando regras como composição, associatividade, identidade, tautologia, iteração e reversibilidade. Mas ainda não opera bem com hipóteses. Essa ligação com o plano concreto vai até os 15 ou 16 anos, quando o sujeito passa a obter conclusões pelo manejo de hipóteses, atingindo o estágio lógico-formal.
Seja como for, essas diferentes predisposições têm um só objetivo: adaptação. A descontinuidade estrutural junto à continuidade funcional ao longo do tempo são duas constantes no desenvolvimento do pensamento racional.
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