sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Texto César Vaghetti

Pensar no aluno é pensar no sujeito, é pensar no indivíduo, único, infinito de possibilidades mas único como ser, como pessoa. A partir deste raciocínio o autor discursa sobre o tempo da aprendizagem, o qual é um tempo do aluno, um tempo determinado por uma série de acontecimentos em um sujeito específico. A escola vem tratando o aluno como um sujeito epistêmico, o qual deve ser entendido como o indivíduo universal, que é, ao mesmo tempo todos e nenhum, reúne características e propriedades pelas quais passam os indivíduos, sem levar em consideração processos particulares e subjetivos. De uma maneira geral a escola tendo como objetivo primordial o desenvolvimento dos conteúdos programáticos, desconsidera que a aprendizagem é individual, no qual o conhecimento é o produto da interação entre sujeito e objeto. Essa interação gera processos de desequilíbrio, conflitos cognitivos, necessitando acomodar, ou seja, equilibrar, buscar a soluções para problemas, construindo estruturas cognitivas definitivas no aluno. Desta forma existe a necessidade de um tempo específico para o aluno construir esquemas internos, entretanto a aprendizagem escolar parece não ser capaz, de gerar mudanças, porque não há problematização, apenas acréscimo de mais informações, e consequentemente, se não há problemas a serem resolvidos, não há necessidade de reflexão e, não havendo reflexão, não é preciso um tempo para exercê-la. Na escola, o tempo que o aluno leva para aprender é aquele que o professor gasta para ensinar. Evidencia-se que o tempo do ensino é delimitado pelo período gasto para se abordar um determinado conteúdo. O tempo da aprendizagem dos alunos é desconsiderado, pois esse se coloca em função do tempo de ensino do professor. A escola trabalha com uma inversão, pois não acredita em estruturas para abrigar conteúdos, mas em conteúdos com finalidade em si mesmos. O tempo para ensinar delimita a prática do professor porque sua preocupação é com o cumprimento das listagens de conteúdos programáticos. O professor embasa sua prática apenas em um visão distorcida do conceito de sujeito epistêmico, mas justifica sua falha no sujeito psicológico. Fui professor substituto na Universidade Federal de Pelotas, na qual pude perceber que realmente existe o sujeito psicológico e o sujeito epistêmico, entretanto minhas bases educacionais na época me impossibilitaram de trabalhar esse sujeito psicológico da maneira como devia. Dentre as disciplinas que ministrei, destaco a Biomecânica, na qual muitos alunos, não tinham a base para aprender seus conteúdos. Desta forma, inconscientemente, propus ao alunos rever conceitos de física e matemática para conseguir ministrar uma aula sobre centro de gravidade, essencial para quem trabalha com movimento humano. Durante as aulas pude perceber que realmente seria impossível avançar no conteúdo sem que os alunos construíssem um esquema para pensar em calcular o centro de gravidade. O interessante nessa experiência foi que minha decisão em possibilitar o aluno construir esquemas cognitivos para a solução de problemas em uma determinada disciplina da Educação Física não teve um motivo cognitivo, ou seja, eu não estava preocupado com a construção de esquemas cognitivos no aluno, minha preocupação era a de que quando formados esses alunos não perdessem espaço profissional em função de uma ferida cultural existente nos cursos de Educação Física, a de que grande parte dos profissionais não possuem os conhecimentos mínimos de Fisiologia e Biomecânica. Felizmente pude desenvolver as aulas com base no aprendizado das noções fundamentais para Biomecânica, entretanto os motivos estavam errados, mas o resultado final foi alcançado.


Oi Cesar,

Teu exemplo é bem bacana, mas vou te pedir atenção à proposta de variação da escrita.

Um abraço,


JA

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