segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Tanto critiquei e acabei fazendo igual.

Cláudia Schutz

As escolas em sua maioria priorizam o aluno a partir de um ponto de vista baseado no individuo ou no sujeito epistêmico. Deixando de lado o sujeito psicológico. Esmagando a subjetividade desse aluno aprendente. Ao ignorar o sujeito psicológico a escola acaba cometendo vários equívocos que se tornam prejudiciais no processo de aprendizagem. O aprender é resultado de uma série de fatores que estão relacionados com o conhecimento prévio do aluno e suas ações. O tempo da aprendizagem é diferente para cada aluno. Os dados atuais mostram que o objetivo principal das escolas está ligado aos conteúdos programáticos. São esses conteúdos que determinam as atividades em sala de aula e o tempo da aprendizagem. Os empiristas colocam que o conhecimento está concentrado no meio. Para os aprioristas ao contrário o processo se concentra exclusivamente no sujeito. A escola hoje acaba utilizando uma combinação dessas duas teorias. Coloca o aluno como um ser passivo. Na concepção da maioria dos docentes o ato de aprender é uma simples soma de conteúdos. Para Piaget o conhecimento é sempre produto da interação entre sujeito e objeto. As interações do individuo com o objeto do conhecimento podem promover o que Piaget denomina de conflito cognitivo. Esse conflito gera um desequilíbrio que vai permitir a aquisição do conhecimento. Isso fica evidenciado quando Piaget coloca que a assimilação somente é possível através de processos de reflexão. Esses processos de reflexão só serão possíveis a partir de desequilíbrio (problematizações) e não pela cópia ou memorização. Ocorre na escola o contrário e o tempo que o aluno leva para aprender é infelizmente aquele que o professor gasta para ensinar. Mas o professor só terá êxito em sua prática docente quando cumprir um quesito essencial: conhecer o seu aluno. O tempo de aprender deve ser o tempo do sujeito e de seu desenvolvimento e não o tempo das leis e dos conteúdos. Hoje eu tenho repensado muito nas minhas práticas pedagógicas como docente do ensino fundamental e médio. Não havia me dado conta de quanto conteudista e behavorista eu sou. E que conheço muito pouco meu aluno como sujeito psicológico. Lembro de quando eu estava na escola na antiga quarta série do primeiro grau (agora quinto ano do ensino fundamental). Minha professora exigia que soubéssemos de cor a tabuada e cada dia escolhia um aluno e pedia para ele dizer por exemplo a tabuada do 6. Se o aluno errasse ficava com negativo na nota. Quando entrei na faculdade criticava essa prática de memorização e os professores que a utilizam. Só que hoje me dou conta que em muitos aspectos faço isso com meus alunos. Esqueço de problematizar.Não contextualizo com sua realidade. Espero apenas que ele memorize e mostre isso nas provas. O curso de pós – graduação além de permitir responder a questão da minha pesquisa tem me proporcionado refletir muito sobre a minha prática docente e tem me feito questionar muitos aspectos. Que professor eu sou? Que tipo de professor quero ser? Conheço meu aluno? Qual meu comprometimento com a aprendizagem desse aluno?


Cláudia,

Percebi teu esforço em fugir das vírgulas. Tua escrita tem melhorado muito.

Parabéns,

JA

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