Durante a leitura do texto “O sujeito psicológico e o tempo da aprendizagem” (Silva, 2009) tentei recordar minhas experiências como aluna. Não tive nenhuma dúvida de que em meu processo de ensino fui considerada como sujeito epistêmico. Dentro de um processo preocupado com os conteúdos a serem cumpridos e baseado na epistemologia empirista. O professor sempre como o centro do conhecimento. Porém o curso de biologia caracteriza-se por suas atividades teórico-práticas. Então as aulas práticas levariam com certeza a uma operação e modificação do objeto? Certamente não. As aulas práticas podem simplesmente servir para uma repetição de um experimento e então o aluno não estaria interagindo com o objeto. Confirma-se a pedagogia diretiva.
Não pude deixar de pensar na minha prática docente. Com certeza penso no meu aluno como um sujeito epistêmico. Posso justificar minha prática pelos exemplos que tive em meu curso de graduação. Isto não é uma justificativa aceitável. O mais correto é associar um curso de licenciatura onde não havia a discussão da concepção do ser professor com uma falta de aprofundamento teórico que pudesse modificar esta prática. Este aprofundamento teórico dependeria de uma iniciativa própria e de despertar para esta necessidade. Sempre procurei despertar a curiosidade de meus alunos ao desenvolver uma aula expositiva. Sempre questionei meus alunos com relação aos conteúdos que estavam sendo desenvolvidos. Planejava as aulas práticas de forma diferenciada na busca de não trazer as respostas para os alunos. A tentativa era de fazê-los pensar acerca dos objetos (animais utilizados nas aulas) para não fazerem uma simples comparação entre o que estavam visualizando e o que consta nos livros texto.
Talvez alguns tenham alcançado um aprendizado através de uma interiorização desta ação. Talvez alguns alunos tenham alcançado o processo de abstração. Porém não me sinto habilitada a julgar que isto tenha ocorrido. Também não tinha a preocupação em verificar se todos os alunos haviam alcançado a assimilação do conteúdo. Não me preocupava com o processo de assimilação do conhecimento na forma em que estamos discutindo. Talvez as respostas destes professores da pesquisa pudessem retratar muito de minhas práticas como docente.
Esta prática docente não reflete um descaso com o aluno. Esta prática reflete o pouco que discutimos sobre o projeto político pedagógico do nosso curso. Reflete a falta de discussão de métodos pedagógicos. Falta de reflexão de metodologias de ensino que promovam a aprendizagem do aluno. Falta de conscientização de que o desenvolvimento do conhecimento é diferente do processo de aprendizagem.
Certamente ainda não tenho a resposta de como poderei implementar aulas que possam promover um processo de aprendizagem do aluno mais satisfatório. Tenho certeza que estou nesta busca. Todos os textos e discussões têm me levado a isto. E ainda espero poder compartilhar estas discussões com meus colegas docentes do curso de Ciências Biológicas. (463 palavras)
Cristina,
Fico pensando que repercussão terá uma reflexão como esta na tua tese.
Um abraço,
JA
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