Jean Piaget: O desenvolvimento da inteligência e a construção do pensamento racional
O problema das relações entre o organismo e o meio, para Piaget, colocava-se no campo do conhecimento. Para ele chegamos à consciência dos objetos, somente através de nosso fazer. Só nos tornamos conscientes de um objeto quando nos ocupamos com ele, ativando os esquemas sensoriais, motores e operatórios.
Segundo a teoria piagetiana, o desenvolvimento cognitivo é um processo espontâneo, situado em um contexto biológico, psicológico e social, relacionando-se com a totalidade das estruturas do conhecimento. A ação assegura a continuidade entre as formas biológicas e as formas do pensamento, e esta é, ao mesmo tempo, o instrumento através do qual o organismo humano entra em contato com os objetos externos e pode decididamente conhecê-los. Na interação entre o ser humano e os objetos, constroem-se as formas de pensamento.
Piaget distingue duas maneiras de exercitar a ação: a experiência física, o sujeito tenta compreender as propriedades do objeto com o qual interage, assimilando-o; a experiência lógico-matemática, o sujeito experimenta com suas próprias ações, para abstrair suas propriedades.
O processo de construção de conhecimento é resultante do equilíbrio dinâmico entre assimilação e acomodação. Quando este estado de equilíbrio é rompido, o sujeito age visando uma reequilibração, obtida através da adaptação, a qual por sua vez, é resultante da assimilação e da acomodação. Podemos, portanto, entender a equilibração como sequência de compensações ativas no sujeito em respostas às perturbações exteriores.
Quando há comportamento, há atividade da estrutura e exigência de superação de suas limitações. A exigência constitui a base do processo de equilibração, em conseqüência, as estruturas cognitivas passam a ser simultaneamente novas e necessárias.
A partir desses conceitos podemos pensar em uma platoforma virtual de aprendizagem interativa viabilizando as perturbações e as reflexões. A muito tem se discutido a necessidade de reforma no processo de ensino, no entanto, segundo Piaget (1998a, p.220) ainda ensina-se com métodos essencialmente verbais e fundados exclusivamente na transmissão, em vez da reinvenção ou da redescoberta por parte do estudante.
Há de se considerar a Revolução Digital. O impacto de tecnologias como o computador, o telefone celular, a TV Digital e a internet vem causando alterações na sociedade, e essas tecnologias precisam ser inseridas no ensino. No entanto, as tecnologias por si só não garantem a construção do conhecimento. Para Piaget o conhecimento não parte nem do sujeito nem do objeto, mas da interação indissociável entre eles. A aprendizagem só será efetiva se os sujeitos intercalarem momentos de exploração, realizando experimentos contextualizados no mundo físico com momentos de reflexão.
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